De acordo com o comunicado de imprensa do PAM, esta decisão resulta de graves falhas de financiamento internacional, num contexto de aumento da violência e de níveis de fome no nordeste deste que é o país mais populoso de África.
“As reservas de alimentos e suplementos nutricionais do PAM estão totalmente esgotadas. Os últimos fornecimentos deixaram os armazéns no início de julho e a assistência vital terminará assim que a atual ronda de distribuições for concluída”, anunciou a entidade.
Consequentemente, sem financiamento imediato, “milhões de pessoas vulneráveis enfrentarão escolhas impossíveis: suportar uma fome cada vez mais severa, migrar ou, possivelmente, correr o risco de serem exploradas por grupos extremistas da região”, frisou a agência das Nações Unidas.
Concretamente, segundo dados do PAM, cerca de 31 milhões de pessoas na Nigéria enfrentam fome aguda. Um número recorde, segundo o diretor do PAM no país, David Stevenson.
Para o PAM, as crianças estarão entre as mais afetadas, caso a ajuda vital seja interrompida.
“Mais de 150 clínicas de nutrição apoiadas pelo PAM nos estados de Borno e Yobe irão encerrar, comprometendo o tratamento de mais de 300.000 crianças com menos de dois anos e aumentando o risco de desnutrição aguda”, lamentou.
Nas zonas do norte afetadas pelo conflito, a violência crescente de grupos extremistas está a provocar deslocações em massa.
Cerca de 2,3 milhões de pessoas em toda a bacia do Lago Chade foram forçadas a abandonar as suas casas, pressionando recursos já escassos e levando comunidades ao limite, contextualizou.
Durante o primeiro semestre deste ano, o PAM diz ter ajudado a conter a fome no norte desta nação ao apoiar 1,3 milhões de pessoas com alimentos e suplementos nutricionais.
“Estava previsto o apoio adicional a 720.000 pessoas na segunda metade do ano, mas a falta de fundos coloca agora estes programas em risco”, ressalvou.
A agência precisa urgentemente de 130 milhões de dólares (cerca de 110 milhões de euros) para evitar a rutura dos fornecimentos e garantir a continuidade das operações até ao final do ano, concluiu.
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