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“Parecia possuído”. Vítima de ataque em Southport pensou “que ia morrer”

Uma das sobreviventes do ataque com faca que ocorreu numa aula de dança dedicada à cantora Taylor Swift, em Southport, no Reino Unido, assinalou, em entrevista à Sky News, que não consegue esquecer o olhar do agressor, que “parecia possuído”. Confessou, além disso, que pensou “que ia morrer”.

 

“O que mais me lembro dele são os seus olhos. Não pareciam humanos, pareciam possuídos. Era como se fosse um sonho e estivéssemos num cenário de filme e nos víssemos a passar por isso e a tomar decisões. […] É uma espécie de adrenalina. As pessoas gostam de pensar que sabem o que fariam nessa situação mas, na realidade, não sabem”, disse a menina, cuja identidade não foi revelada por razões legais, àquele meio britânico.

A jovem contou que, quando Axel Rudakubana entrou no local, “estava entre duas mesas”.

“Algumas das meninas estavam sentadas em círculo a fazer pulseiras com as professoras, e algumas delas estavam a levantar-se para ir buscar missangas”, disse.

E continuou: “Esfaqueou uma menina à minha frente e depois veio ter comigo e esfaqueou o meu braço. Virei-me e ele apunhalou-me nas costas, embora eu não o tenha sentido na altura. Umas meninas juntaram-se e comecei a empurrá-las pelas escadas abaixo, dizendo-lhes para saírem e correrem. Estava a pensar, ‘Onde está a minha irmã?’, e, ‘Temos de sair daqui’. Só pensava que ia morrer.”

Southport. Jovem tinha “risco sério” de violência e houve “incapacidade”

Axel Rudakubana, de 18 anos, tinha uma “predileção particular e conhecida por crimes com facas”, o que, na ótica do dirigente do inquérito ao ataque de 29 de julho do ano passado, indica que houve “uma incapacidade geral e generalizada de intervir eficazmente, ou mesmo de todo, para fazer face aos riscos que representava”.

Daniela Filipe | 16:25 – 08/07/2025

Nascido em Cardiff, no País de Gales, Rudakubana estava munido com uma faca de cozinha com uma lâmina de 20 centímetros, comprada na Amazon através de uma Rede Privada Virtual (VPN, na sigla em inglês). O adolescente de 18 anos assassinou Bebe King, de seis anos, Elsie Dot Stancombe, de sete anos, e a portuguesa Alice da Silva Aguiar, de nove anos. Dez outras pessoas ficaram feridas no ataque, entre elas oito crianças.

“Não consigo expressar o que sinto sobre isso. Muita raiva e tristeza”, lamentou.

A menina lançou, entretanto, uma campanha para que as crianças recebam formação de primeiros socorros nas escolas, por forma a saberem como atuar nestas situações.

“Vivemos todos os dias com medo de que possa voltar a acontecer. Fisicamente, estou a melhorar todos os dias e a recuperar. Obviamente, as minhas cicatrizes ficam como uma lembrança, mas toda a gente que esteve lá naquele dia vai ficar com cicatrizes mentais para sempre”, disse.

A autarquia de Sefton anunciou que recordará “todos os que foram diretamente afetados” pelo ataque de 29 de julho de 2024 às 15h00 desta tarde, com três minutos de silêncio. As bandeiras dos edifícios locais estão também a meia haste.

Rudakubana foi, em janeiro, condenado a uma pena mínima de 52 anos de prisão. Está, também, a ser investigado por um alegado ataque a um guarda prisional na prisão de Belmarsh.

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