No coração de Pedro de Toledo, região do Vale do Ribeira (SP), a banana virou símbolo de resistência e inovação para a família Fonseca. No entanto, o que começou com o avô ensinando os netos a cuidar do bananal, aos poucos se transformou em um exemplo de como o cooperativismo pode mudar a realidade local.
“Meu pai comprou o sítio quando eu tinha onze anos. A gente conhece cada pedacinho desse solo”, relembra Laura da Silva Fonseca. O terreno, passado de geração em geração, foi onde Sérgio Luiz Fonseca Lima encontrou sustento e missão: preservar a tradição familiar e aplicar conhecimento técnico no bananal.
Durante a juventude, Lima passava as férias no sítio e aprendeu com o avô o manejo do bananal. “Aprendi com ele o manejo, o cultivo, o que usar e o que não usar para preservar a natureza”, conta. Aos 22 anos, trocou a vida litorânea de São Vicente (SP) por Pedro de Toledo.
Atualmente, cultiva entre quatro e cinco mil pés de banana — uma redução em relação aos seis mil da época do avô. Os custos elevados, como fertilizantes atrelados ao dólar, explicam a mudança no bananal. “Tem época do ano que não compensa cortar a banana”, revela.
Cooperativa transforma excedente em renda
Diante das dificuldades, a família Fonseca junto com outros agricultores da região criaram a Associação de Produtores Rurais de Pedro de Toledo. Há cerca de 12 anos, a união trouxe soluções coletivas como a entrada no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que ampliou o escoamento da banana. No entanto, o excedente fora do calendário escolar ainda era um desafio para os produtores de banana.
Foi então, que eles receberam o apoio financeiro do programa Conexão Mata Atlântica — que desde 2018 distribui recursos do Fundo Global do Meio Ambiente — e impulsionou a produção. Como resultado, os produtores abriram mão das verbas individuais e decidiram investir na criação da cooperativa Ouro do Vale. Em seguida, estruturaram a agroindústria local.
“A gente transforma o excesso de bananas em geleias, banana-passa e chips. E também temos um selo da agricultura familiar, trazendo mais confiança aos produtos e, claro, rentabilidade”, afirma Lima.
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Sebrae impulsiona o empreendedorismo
Além da estrutura física, o conhecimento técnico trouxe avanços significativos. Com suporte do Sebrae/SP com o programa Agente Local de Inovação, ALI Rural, os produtores participaram de cursos sobre administração, manejo sustentável e análise de solo.
Com isso, os cooperados puderam aprender a cultivar as bananas de forma sustentável. “Na época do meu avô, tudo era feito por tradição. Agora a gente entende o porquê de cada prática. Isso muda tudo”, reconhece Lima.
Além disso, a identidade regional também ganhou destaque, reforçada pelo selo “Dá gosto ser do Ribeira”, promovido pelo Sebrae/SP. Apesar dos avanços, os desafios persistem: clima instável e os custos elevados dos insumos para o cultivo de bananas.
Ainda assim, a história da família Fonseca Lima — e de tantos outros produtores no Vale do Ribeira — mostra que, com união e conhecimento, é possível transformar obstáculos em oportunidades.
Porteira Aberta Empreender
Quer saber mais sobre a história da família Fonseca? Assista ao programa Porteira Aberta Empreender, uma parceria entre o Sebrae e o Canal Rural, nesta quinta-feira (31), às 17h45. O programa mostra histórias reais de micro e pequenos produtores de todo o país.
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