O preço da carne bovina vem pesando no bolso do consumidor norte-americano. A alta é resultado da menor oferta de animais nos Estados Unidos, reflexo de problemas climáticos, do ciclo da pecuária e também de restrições comerciais.
Segundo a analista da HN Agro, Isabella Camargo, o rebanho do país chegou, no início de 2025, a 86,7 milhões de cabeças. Esse é o menor volume desde 1958. “Em julho, houve uma recuperação para 94,2 milhões de animais, mas o número ainda é 1% menor do que em 2023”, explica.
Entre os fatores que reduziram o rebanho estão a seca severa enfrentada pelos pecuaristas e o chamado “fundo do ciclo pecuário”, que aumentou o abate de fêmeas. “Essas vacas deixam de produzir bezerros e bois gordos que estariam disponíveis agora em 2025”.
Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês) apontam que a menor disponibilidade de animais levou a uma queda de 2% na produção de carne bovina de janeiro a julho, em comparação ao mesmo período do ano passado.
A consequência, de acordo com a analista, é clara: preços mais firmes em todos os segmentos, do atacado ao varejo.
Consumidores em alerta
O impacto já aparece no consumo. De acordo com Camargo, a carne moída, uma das mais populares nos lares americanos, registrou alta de 3,3% em julho frente a junho e de 13,5% na comparação anual. Cortes usados em churrasco também ficaram mais caros, com aumento de 9,4% em relação a 2024.
Segundo a analista, outro ponto que dificulta a recomposição do rebanho é a suspensão das exportações de gado vivo do México para os Estados Unidos, devido a problemas sanitários. “Essa medida interrompeu um importante fluxo que ajudava a recompor o plantel norte-americano”, afirma.
Tarifaço já impacta carne bovina
As importações de carne vinham ajudando a equilibrar a oferta, com destaque para Austrália e Brasil. Entre janeiro e julho, o Brasil exportou 169,2 mil toneladas para os EUA, um crescimento de 106% frente a 2024. No entanto, com a recente taxação imposta ao produto brasileiro, a competitividade caiu.
“Essa carne será redirecionada a outros mercados, mas, na nossa visão, vai fazer falta para os Estados Unidos, principalmente neste momento de oferta limitada”, conclui a especialista.
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