De acordo com um comunicado do gabinete do primeiro-ministro britânico, Starmer falou com Netanyahu antes de uma reunião de emergência com os seus ministros ao início da tarde, após a qual anunciou a nova posição britânica sobre a Palestina.
Segundo Downing Street, Starmer instou Netanyahu a levantar imediatamente as restrições à ajuda humanitária em Gaza.
Starmer falou também com o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmoud Abbas, e ambos concordaram que o grupo islâmico palestiniano Hamas deve comprometer-se com o desarmamento e aceitar que não terá qualquer papel no futuro governo da Faixa de Gaza.
O primeiro-ministro britânico telefonou também ao seu homólogo canadiano, Mark Carney, e ao rei Abdullah II da Jordânia, a quem agradeceu o trabalho na aceleração da entrega de ajuda a Gaza, indicou ainda Downing Street.
O primeiro-ministro britânico anunciou hoje que o Reino Unido vai reconhecer o Estado da Palestina em setembro, se Israel não cumprir uma série de condições, nomeadamente acabar com a “situação catastrófica em Gaza”.
Decretar um cessar-fogo no enclave palestiniano e garantir que não vai anexar a Cisjordânia são outras das condições mencionadas por Keir Starmer, que convocou hoje uma reunião de emergência do Conselho de Ministros para abordar a situação em Gaza.
O primeiro-ministro britânico exigiu também que Israel se comprometa com um processo de paz de longo prazo que alcance uma solução de dois Estados, Israel e Palestina, de acordo com um comunicado divulgado por Downing Street.
A decisão britânica surge depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter anunciado, na semana passada, que Paris vai anunciar o reconhecimento do Estado da Palestina em setembro, durante a Assembleia-geral da ONU, uma declaração que foi igualmente criticada por Israel, mas também pelos Estados Unidos.
Israel criticou hoje o anúncio de Londres sobre um eventual reconhecimento do Estado da Palestina, denunciando-o como uma “recompensa para o Hamas” e um obstáculo aos esforços para conseguir um cessar-fogo na guerra em Gaza.
“A mudança de posição do Governo britânico neste momento, após a iniciativa francesa e sob pressão política interna, constitui uma recompensa para o Hamas e prejudica os esforços para garantir um cessar-fogo em Gaza e uma estrutura para a libertação dos reféns”, escreveu o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita num comunicado.
Caso se concretize a intenção do executivo britânico, o Reino Unido será o segundo país do G7 (grupo das sete maiores economias mundiais), a reconhecer o Estado palestiniano em setembro.
A par de França, o Reino Unido também integra o grupo dos cinco membros (os restantes são China, Rússia e Estados Unidos) permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
Até ao momento, pelo menos 142 dos 193 países-membros da ONU reconhecem o Estado palestiniano, segundo dados da agência noticiosa francesa AFP.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo grupo extremista palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e mais de duas centenas foram feitas reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 60 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 140 pessoas já morreram de desnutrição e fome.
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