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São Paulo tem uma morte por dengue por dia em 2025 e estado já trabalha com cenário de epidemia

O Estado de São Paulo registrou, até o momento, cerca de uma morte por dengue por dia no ano de 2025. Dados do Painel de Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (SES) apontam que foram 36 óbitos em 37 dias: 14 na região de São José do Rio Preto, 3 região de Araçatuba, 3 de Ribeirão Preto, 3 de Presidente Prudente, 3 de Bauru, 3 de Campinas, 2 de Araraquara, 1 de São João da Boa Vista, 1 de Marília, 1 de Piracicaba, 1 de Sorocaba e 1 de Taubaté. O número de mortes aumenta quando se observa o Painel do Ministério da Saúde: são 41 em 37 dias.

Dos 645 municípios de São Paulo, 53 já decretaram situação de emergência para a dengue. Além disso, dos 17 Departamentos Regionais de Saúde, 13 já estão em estágio de epidemia. Segundo a Diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica da SES, Tatiana Lang, o cenário epidêmico em todo o estado está perto de se tornar realidade. “Dentro do Plano de Contingência criado pelo governo do Estado de São Paulo, há três cenários: mobilização, alerta e epidemia. Dentro de cada deles, os atores envolvidos precisam atuar de maneira diferente. Hoje estamos em estado de alerta mas tão logo provavelmente estaremos em estado de epidemia”, explica.

Os dados do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde não batem porque são contabilizados de forma diferente. O governo do estado, antes de registrar uma morte, espera a confirmação do óbito pelo Instituto Adolfo Lutz. Segundo o Ministério da Saúde, São Paulo registra quase 79% das mortes no país neste ano – são 52 mortes em todo Brasil. São, ainda, 256 óbitos em investigação no país – 179 em São Paulo. Quando falamos em número de casos, ainda de acordo com o governo federal, o Brasil tem cerca de 219 mil, sendo que 128 mil (58%) estão localizados no estado de São Paulo.

Tatiana Lang reforça que o cenário é atípico e diferente dos últimos anos. “Nesse momento temos uma situação diferente do início do ano passado, o sorogrupo qje circulava antes eram o 1 e 2, agora, temos a circulação das dengues tipo 2 e 3. Temos mais pessoas suscetíveis a dengue 3, que nunca pegaram antes. Isso porque esse sorotipo, há mais de 10 anos, não circulava dessa forma. Os sinais e sintomas os mesmos. A diferença é que, quando uma pessoa já pegou os sorotipos 1 ou 2, e pega o 3, ela pode ter um agravamento do quadro clínico. Mas isso não quer dizer q o tipo 3 é mais grave”, diz, afirmando, também, que ainda não é possível identificar um padrão no número de mortes registrado no estado de São Paulo.

À Agência Brasil, o secretário-adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério, Rivaldo Venâncio, afirmou que o estado de São Paulo saiu de um patamar de quase 50 mil casos nas quatro primeiras semanas de 2024 para praticamente 100 mil casos nas quatro primeiras semanas de 2025. “Nossa preocupação é o Sudeste. Quando olhamos os números, semana a semana, temos a impressão de que a situação está tranquila. Mas, quando mergulhamos o olhar sobre o estado de São Paulo, estamos observando, semana após semana, o dobro do número de casos de dengue quando comparamos com 2024”, disse.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde destacou que “criou o Centro de Operações de Emergências (COE), cuja primeira medida foi destinar R$ 228 milhões do programa IGM SUS Paulista aos 645 municípios paulistas para a eliminação de criadouros e, dessa maneira, combater o mosquito causador da dengue” e que “lançou o Plano de Contingência das Arboviroses Urbanas 2025/2026, com as principais estratégias, ações e recomendações de combate à dengue, chikungunya e zika”. A pasta diz, ainda, que monitora o cenário de forma contínua.

No dia 23 de janeiro, quando o governo de São Paulo anunciou a criação do COE, o secretário de Saúde, Eleuses Paiva, previu um “ano difícil” e com “patamar muito elevado de casos”. Na data, ele também demonstrou preocupação com a dengue tipo 3.

Segundo a SES, o foco, neste momento, são ações para eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, além de iniciativas para a vacinação do grupo prioritário, crianças de 10 a 14 anos. O imunizante está disponível em 392 municípios do estado, mas a adesão ainda é baixa – cerca de 28% do público alvo tomou a primeira dose, e 13% a segunda. Apesar de o efeito não ser imediato, a vacinação é importante para controlar a doença principalmente a partir de 2026. Atualmente, o Instituto Butantan, vinculado ao governo de São Paulo, também aguarda a aprovação de uma vacina própria contra a dengue pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) – há boas expectativas.

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