Internacional

SOS Méditerranée denuncia “ataque sem precedentes” da guarda costeira líbia

Quando foi atacado, o barco tinha a bordo 87 pessoas resgatadas na noite anterior, encontrava-se “a norte da costa líbia” e estava “ativamente envolvido na busca de outra embarcação em perigo”, precisou a organização não-governamental (ONG) num comunicado.

 

Abordado por um barco da guarda costeira líbia, recebeu a “ordem ilegal” de “abandonar a zona” e, apesar disso, a tripulação “informou a guarda costeira de que o ‘Ocean Viking’ estava a abandonar a zona”, indicou a SOS Méditerranée.

“No entanto, sem qualquer aviso ou ultimato, dois homens a bordo do barco de patrulha abriram fogo”, submetendo a embarcação e a sua tripulação “a tiros contínuos durante pelo menos 20 minutos”, prosseguiu a organização.

Nenhum dos passageiros ou membros da tripulação ficou ferido, mas o ataque causou “impactos de balas à altura da cabeça, a destruição de várias antenas”, vidros de janelas estilhaçados e “várias balas atingiram e danificaram” equipamento de salvamento, descreveu a ONG na nota de imprensa.

Depois de emitir um pedido de socorro e alertar a NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), o SOS do ‘Ocean Viking’ foi encaminhado para um navio da Marinha italiana que “nunca atendeu o telefone”, segundo a ONG.

“Houve um ataque deliberado e direcionado contra a nossa tripulação, mas também contra os nossos meios de salvamento”, sublinhou a SOS Méditerranée.

“Não se trata de um ato isolado”, insistiu a ONG, apontando “um longo historial de comportamentos irresponsáveis” da guarda costeira líbia e de “total desprezo pelo Direito Internacional do Mar”.

A ONG lamentou igualmente o apoio dos “Estados europeus” ao serviço da guarda costeira líbia, com “Itália na primeira linha”, salientando que o barco de patrulha responsável pelo ataque “foi oferecido por Itália em 2023”, no âmbito de um programa de apoio à Líbia.

Citada no comunicado, a diretora-geral da SOS Méditerranée, Sophie Beau, “exige uma investigação completa” sobre o incidente, bem como “o fim imediato de qualquer cooperação europeia com a Líbia”.

O ‘Ocean Viking’ rumou a Siracusa, na ilha italiana da Sicília, para desembarcar os migrantes resgatados ao mar e proceder a reparações no navio.

Das 87 pessoas resgatadas pelo ‘Ocean Viking’, 80 são originárias do Sudão e 21 são menores não-acompanhados.

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