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Trump anuncia mega acordo com o Japão e reforça estratégia de tarifação recíproca

Foto: The White House/ Andrea Hanks – Pixabay

Em uma publicação agora pouco nas redes sociais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou com grande entusiasmo um suposto “acordo histórico” com o Japão.

Segundo ele, a negociação envolverá um investimento japonês de US$ 550 bilhões em solo americano, com os Estados Unidos retendo 90% dos lucros e a criação de centenas de milhares de empregos.

Além disso, o país asiático teria aceitado abrir seu mercado para carros, caminhões, arroz e outros produtos agrícolas norte-americanos, pagando uma tarifa recíproca de 15%.

Embora a mensagem siga o tom hiperbólico característico de Trump, é importante analisar o conteúdo com cautela e senso crítico, especialmente diante da ausência de detalhes oficiais ou confirmação por parte do governo japonês.

O que o anúncio revela, de fato?

Intensificação da política comercial agressiva dos EUA: a exigência de tarifas recíprocas de 15% reforça a estratégia americana de endurecimento nas relações comerciais, já vista na aplicação da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A doutrina é clara: “vocês querem vender para nós? Abram seus mercados e paguem as mesmas taxas”.

Pressão sobre países aliados: o Japão, historicamente parceiro estratégico dos EUA no Pacífico, parece estar sendo compelido a ampliar sua abertura comercial em troca de manter relações privilegiadas. Isso deixa um recado implícito para outras nações: quem quiser acesso ao mercado americano precisa ceder.

Agronegócio americano como prioridade absoluta: ao destacar a abertura japonesa para produtos agrícolas, Trump sinaliza sua intenção de apoiar diretamente os produtores norte-americanos — inclusive com tarifas contra concorrentes (como o Brasil), e acordos preferenciais com países estratégicos.

Recado ao Brasil: protecionismo seletivo está valendo. Enquanto o Brasil sofre sanções tarifárias de 50% sob a alegação de “desequilíbrio comercial”, o Japão, mesmo com superávit na balança com os EUA, recebe tratamento especial. O motivo? Alinhamento político, capacidade de investimento e contrapartidas negociadas.

O que está em jogo para o Brasil

Esse movimento do governo americano amplia o isolamento de países que não estão alinhados estrategicamente com Washington. O Brasil — hoje em rota de colisão com os EUA por conta de questões políticas internas e tensões diplomáticas — pode ser ainda mais prejudicado se não reagir com pragmatismo e estratégia.

É preciso reconhecer que o protecionismo americano está sendo seletivo e pragmático. Não se trata de uma guerra contra todos, mas de uma reordenação comercial em que apenas os aliados dispostos a fazer concessões têm vez.

Qual a conclusão?

O “megacordo” com o Japão, anunciado com pompa por Donald Trump, é mais uma peça no xadrez geopolítico do comércio internacional. Trata-se de um gesto de poder, que ao mesmo tempo amplia o domínio econômico dos EUA e isola concorrentes considerados “hostis”.

O Brasil precisa enxergar que essa nova ordem exige articulação diplomática firme, inteligência comercial e um reposicionamento rápido, ou será deixado para trás.

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Miguel Daoud

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural


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