A UE e a Arménia firmaram hoje um acordo que abre portas à integração do país no bloco europeu, numa visita da chefe da diplomacia europeia, que alertou Erevan para as “ameaças híbridas” da Rússia.
“É com grande satisfação que anuncio hoje o acordo político entre os negociadores da nova agenda de parceria, que identifica prioridades em matéria de desenvolvimento económico, segurança e resiliência”, disse Kaja Kallas, numa conferência de imprensa em Erevan, ao lado do ministro dos Negócios Estrangeiros arménio, Ararat Mirzoyan.
A alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança afirmou que os 27 e a Arménia “nunca estiveram tão próximos”, destacando a lei aprovada pelo Governo arménio, no início do ano, “para lançar o processo de adesão à UE”.
“Congratulamos-nos muito com a sua prontidão para aprofundar a nossa parceria”, acentuou, dirigindo-se ao ministro arménio.
Kallas anunciou um apoio à Arménia de 270 milhões de euros, até 2027, no âmbito do Plano de Resiliência e Crescimento, para apoiar as empresas, melhorar a relação com a UE e contribuir para os esforços de reforma.
A UE e a Arménia também estão a “avançar no diálogo sobre a liberalização de vistos”, adiantou.
“Neste momento crítico, tenho o prazer de anunciar que forneceremos um financiamento básico substancial para a imprensa independente sustentar as reportagens na Arménia, apoiando a democracia e a resiliência”, anunciou também.
Por outro lado, a Arménia vai passar a contribuir para as missões da UE a nível mundial, após a assinatura de um acordo-quadro de participação, referiu Kaja Kallas.
Na reunião, a chefe da diplomacia europeia e o ministro arménio abordaram “os desenvolvimentos relacionados à agressão da Rússia contra a Ucrânia e, especificamente, as atividades híbridas russas em todos os países, todos os países vizinhos”.
“O compromisso da Arménia com a democracia e a liberdade é fundamental. Esses valores devem ser protegidos, especialmente diante de ameaças híbridas, desinformação e interferência estrangeira”, salientou.
As relações entre Erevan e Moscovo, historicamente estreitas, estão a ser postas à prova desde a ofensiva de 2023, que permitiu ao Azerbaijão recuperar toda a região do Nagorno-Karabakh dos separatistas arménios, com a Arménia a criticar Moscovo por não a ter apoiado.
Desde então, Erevan procura reforçar as relações com o Ocidente, principalmente com os Estados Unidos e a UE.
Sobre a relação entre Erevan e Baku, Kallas declarou o “firme apoio” da UE à normalização das relações entre os dois países “com base no respeito pela soberania, integridade territorial e inviolabilidade das fronteiras”.
“Não há alternativa a esses três princípios”, salientou, afirmando que os 27 estão “satisfeitos e encorajados” com os progressos, “porque melhores relações entre a Arménia e o Azerbaijão podem abrir caminho para uma paz duradoura na região”.
Questionada sobre este processo de normalização bilateral, Kallas indicou ter abordado o mesmo tema com as autoridades azeris.
“É do nosso interesse que este processo de paz seja concluído o mais rapidamente possível”, sublinhou.
Leia Também: Arménia acusa clérigo Bagrat Galstanyan de tentativa de golpe de Estado