Descobrir que está esperando gêmeos pode ser emocionante e desafiador ao mesmo tempo. A gestação gemelar envolve uma série de fatores que diferem de uma gravidez única, desde os primeiros meses até o desenvolvimento dos bebês. Entre dúvidas sobre a divisão da placenta, o ganho de peso e os cuidados médicos necessários, estar bem-informado faz toda a diferença para aproveitar esse momento com mais tranquilidade.
“Uma gravidez gemelar não é apenas uma gestação de dois bebês, mas, sim, um processo único que exige um acompanhamento cuidadoso, dado o maior risco de complicações. A mãe deve estar ainda mais atenta aos sinais do corpo e seguir orientações médicas específicas para garantir o bem-estar tanto dela quanto dos bebês”, afirma o Dr. Vamberto Maia Filho, ginecologista especialista em reprodução humana.
Tipos de gravidez gemelar
Quando falamos em gêmeos, a primeira imagem que geralmente vem à mente são duas pessoas fisicamente idênticas. No entanto, é importante esclarecer que essa semelhança física é característica apenas da gestação monozigótica (univitelina). A gestação dizigótica (bivitelina), por outro lado, resulta em irmãos gêmeos que, embora compartilhem o mesmo dia de nascimento, são geneticamente distintos e podem ter aparências bem diferentes.
“A gestação monozigótica gera gêmeos formados a partir de um único óvulo e um espermatozoide, que se dividem espontaneamente, gerando bebês geneticamente idênticos. Eles podem ter uma placenta ou mais, dependendo do momento em que o óvulo se divide. Já a gestação dizigótica é caracterizada por gêmeos formados pela fecundação de dois óvulos diferentes por dois espermatozoides. Eles são geneticamente diferentes e sempre têm placentas e membranas separadas. O sexo pode ser igual ou diferente”, explica o Dr. Vamberto Maia Filho.
Cuidados na gravidez
Embora muitas gestações gemelares evoluam de forma saudável, é fundamental destacar alguns cuidados específicos que devem ser adotados tanto para a saúde dos bebês quanto da mãe.
“Carregar dois fetos implica em uma demanda maior de nutrientes, o que pode impactar diretamente a dieta da gestante, especialmente durante o segundo e terceiro trimestres. Além disso, é essencial manter uma frequência rigorosa nas consultas médicas, pois gravidezes gemelares apresentam um risco elevado de complicações, como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e parto prematuro”, alerta o Dr. Vamberto Maia Filho.
Acompanhamentos mais frequentes ajudam a monitorar essas condições e garantem que a mãe e os bebês recebam o suporte necessário durante toda a gestação.
Tratamentos de fertilização
Alguns tratamentos de fertilização podem aumentar as chances de uma gestação gemelar, como a inseminação artificial ou a fertilização in vitro (FIV). Segundo dados da Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida (RedLara), 32,3% das gestações originadas de tratamentos de reprodução assistida resultam em gêmeos.
“O aumento da incidência de gestações gemelares nos tratamentos de fertilização in vitro (FIV) ocorre porque, durante o procedimento, o número de embriões transferidos para o útero é maior. Isso eleva a probabilidade de que mais de um embrião se implante, resultando em uma gestação múltipla”, explica o ginecologista.

Sintomas de uma gravidez gemelar
Não existe nenhum sintoma em específico que seja diferente de uma gravidez comum, o que pode ocorrer é alguns sintomas serem mais fortes ou intensos por conta da grande mudança hormonal.
“Os sintomas de uma gravidez gemelar são semelhantes aos de uma gestação comum, como enjoos, atraso menstrual, cólicas, sensibilidade nos seios e fadiga. No entanto, devido a uma grande alteração hormonal e ao aumento do volume abdominal, esses sintomas podem ser intensificados, levando a dores mais intensas, maior cansaço e até um apetite superior ao habitual, mesmo para uma gestante”, esclarece o Dr. Vamberto Maia Filho.
Parto da gestação gemelar
Não existe nenhuma regra específica para um parto nesse tipo de gestação, pois vai variar de cada caso e da avaliação do especialista. Pode ser feito tanto o parto natural quanto a cesárea.
“O parto de gestação gemelar pode ocorrer de três formas, ambos os fetos em parto natural, ambos em cesariana, ou combinado, onde um sai de forma natural e o outro através de cesárea. Porém, o tipo de parto vai depender de vários fatores, como o desejo da gestante, a avaliação do especialista, a saúde da gestante; buscando ao máximo evitar uma gravidez de risco, a posição dos bebês e afins”, explica o médico.
No caso de partos de trigêmeos, a indicação pode ser diferente. “Em partos de trigêmeos ou mais bebês, a cesariana é o método mais recomendado por uma questão de saúde e segurança, tanto da mãe quanto do bebê”, finaliza o Dr. Vamberto Maia Filho.
Por Yasmin Paneto