Alagoas

Vereador é investigado por estuprar grávida e duas adolescentes

O vereador Hudson Nayron Cunha (PSD), de 36 anos, é investigado pela Polícia Civil por suspeita de estuprar uma grávida, de 18 anos, e duas adolescentes, uma de 15 anos, e outra, de 17, no município de Normandia, no interior de Roraima.

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Atualmente, ele ocupa o cargo de vice-presidente da Câmara Municipal de Normandia. Além de ser investigado pelo estupro contra as duas meninas, também responde por assédio sexual contra elas.

Todos os casos são apurados pela delegacia de Normandia. A denúncia de estupro contra a grávida será encaminhada à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), em Boa Vista, onde o crime ocorreu.

Diante das investigações, Hudson pediu afastamento da função por 30 dias. Em sessão na noite dessa segunda-feira (22), ele se defendeu das acusações. “Tenho vontade que isso se resolva e mostre que se eu for culpado, eu sou homem para pagar pela minha culpa”, disse.

Procurado pela reportagem, o presidente da Câmara de Normandia, Fernando Bolacha (PP), disse que ainda não recebeu denúncia oficial contra o colega de parlamento. No entanto, informou que vai “criar uma comissão de ética e justiça para apurar os fatos”.

Uma das vítimas é do convívio do vereador
O g1 conversou com mãe da vítima que, à época do crime, tinha 15 anos. A adolescente é do convívio familiar do vereador. Em entrevista, a mãe afirmou que o estupro ocorreu em março deste ano.

A mãe da adolescente, que pediu para não ser identificada para evitar a exposição da filha, compartilhou que a adolescente foi à casa de Hudson acreditando que uma familiar também estaria no local, como de costume. Ao chegar, encontrou o vereador de toalha em um quarto, onde ele cometeu o abuso.

“Enquanto eu estiver viva irei buscar Justiça”, disse a mãe da menina.
No depoimento à polícia, a vítima disse ainda que o vereador ofereceu dinheiro para que não contasse nada a ninguém. Além disso, durante uma reunião de família, a menina contou que ele fez gestos insinuando querer conversar em particular com ela, o que a deixou desconfortável.

“Minha filha vive em crises de ansiedade, diz que não sente vontade de [fazer] nada. Vive lembrando do ocorrido e sente que está sendo julgada”, disse a mãe.
O caso da outra adolescente, de 17 anos, também é investigado no mesmo inquérito. Em abril, a Justiça proibiu o vereador de se aproximar das duas vítimas.

Em um momento de desespero, a mãe chegou a compartilhar a história nas redes sociais, para dar visibilidade ao caso e conseguir alguma resposta da Justiça.

“Espero de fato que a Justiça seja feita, ele se sente poderoso por ser vereador, claramente acredita que nada vai acontecer”, afirmou.
A decisão de proibir o vereador de se aproximar das vítimas foi da juíza Liliane Cardoso, titular da Comarca do Bonfim, que abrange a região de Normandia.

“Eis que se noticia que as adolescentes teriam sido vítima de violência sexual por parte do requerido, pelo que consta dos autos o requerido exerce o cargo eletivo de vereador no Município de Normandia, e que se valendo dessa posição privilegiada em relação as vítimas acabou por violentar sexualmente as mesmas em ocasiões distintas”, cita trecho da decisão.
No caso da segunda vítima, ele patrocinou a participação dela em concurso de beleza na região e se aproveitou disso para cometer violência sexual.

À época, os relatos das vítimas foram levados ao Conselho Tutelar da região. Procurado sobre o assunto, o Conselho disse que acionou a Polícia Civil e que “permanece integrado no Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente mantendo defesa do ECA e sua proteção integral.”

No inquérito que envolve as duas adolescentes, o delegado responsável pela investigação, Alberto Alencar, disse que “adotou diversas diligências para apurar os fatos”.

“Foram realizadas oitivas de vítimas, testemunhas e das partes envolvidas, incluindo o interrogatório do investigado, que negou todas as acusações. Também foram coletados documentos, requisitados e realizados exames periciais, além da expedição de intimações e demais providências cabíveis”, destacou.

Relato da grávida de 9 meses
A jovem de 18 anos relatou à Polícia Civil ter sido estuprada por Hudson quando estava com 9 meses de gravidez. O g1 teve acesso ao boletim de ocorrência registrado por ela.

Segundo a jovem, o crime ocorreu em setembro de 2024. Ela disse que decidiu denunciar após ver o vereador pedindo respeito numa rede social.

“O segundo inquérito foi instaurado em 16 de setembro deste ano, tendo como vítima uma jovem de 18 anos, grávida de nove meses, que afirma ter sido estuprada pelo investigado. A jovem afirmou que pegou uma carona com o acusado em Boa Vista e que foi estuprada dentro do carro dele, no bairro Cauamé”, informou a Polícia Civil.

Afastamento da função
Hudson Nayron foi eleito com 366 votos nas eleições de 2024 – a primeira vitória política. O vereador tomou posse em 1º de janeiro de 2025, data em que assumiu a vice-presidência da Mesa Diretora da Câmara de Normandia.

Em sessão na noite dessa segunda, ele usou a tribuna para se defender e pediu 30 dias de afastamento, o que foi acatado por todos os oito colegas.

“A minha denúncia no Ministério Público tem seis meses. Uma pessoa que é aliciadora, que é estuprador, se tiver devendo, garanto pra vocês que em seis meses ele tá na cadeia. Porque é uma das coisas que a justiça trata mais sério. Eu quero dizer para vocês, que eu tenho família, tenho esposa, tenho pai, mãe, e fui exposto por pessoas que querem fazer politicagem”, disse.

Ao g1, o presidente da Câmara, disse ter recebido um BO sobre o caso da grávida e informou que a Casa “não vai ser omissa”.

“Sobre as outras acusações, ainda aguardamos manifestação do Ministério Público ou da delegacia, já que nada chegou oficialmente à Câmara. Quero deixar claro que não compactuamos com esse tipo de conduta, mas também não podemos acusar sem provas. Pode ter certeza que chegando essa denúncia oficial, a Casa não vai ser omissa. Vamos fazer os procedimentos corretos”, disse Bolacha.

 

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