“O Governo do Zimbabué está pronto para atuar e está a formar uma equipa composta pelos ministérios do Interior e Património Cultural, Finanças e Assuntos Económicos e Negócios Estrangeiros, para coordenar o processo de preparação e mobilização dos recursos”, disse o ministro Kazembe Kazembe, em declarações à agência de notícias Efe.
Kazembe adiantou que o Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, defendeu o repatriamento dos restos mortais dos combatentes zimbabueanos, considerados “heróis” no país, e exigiu “uma indemnização por parte do Governo britânico”.
Segundo o ministro, há confirmação de que os restos mortais de 11 combatentes anticoloniais estão no Museu de História Natural de Londres, enquanto os restos mortais de outros dois estão no Laboratório Duckworth do Departamento de Arqueologia da Universidade de Cambridge, tratando-se sobretudo de crânios.
O Governo britânico, de acordo com Kazembe, aceitou entregar os restos mortais armazenados em Londres, mas ainda falta informar o Governo do Zimbabué sobre em que data é que isso vai acontecer.
“Está em curso um processo de negociação entre os governos da Grã-Bretanha e do Zimbabué sobre o processo de reparação e, uma vez concluído, será anunciado publicamente”, afirmou o ministro.
Entre os restos mortais a repatriar por parte do Zimbabué, acredita-se que estejam os ossos, por exemplo, do líder espiritual do povo Shona Ambuya Nehanda Nyakasikana (1840-1890), e dos chefes tradicionais Chinengundu Mashayamombe e Makoni Chingaira, entre outros.
Estas figuras históricas participaram na chamada Primeira Guerra Chimurenga ou Segunda Guerra Matabele, entre 1896 e 1897, um grande tumulto popular em que os povos Matabele e Shona se revoltaram contra as autoridades coloniais da Companhia Britânica da África do Sul (BSAC), à qual Londres concedeu direitos comerciais e administrativos na África Austral e Central, no território que hoje abrange o Zimbabué e a Zâmbia.
Após o conflito, os restos mortais destes combatentes foram levados para a Europa pelas forças coloniais como troféus.
O ministro Kazembe anunciou a repatriação dos restos mortais de combatentes anticoloniais um dia antes de o Zimbabué celebrar o Dia dos Heróis, que se assinalará na segunda-feira, um feriado nacional em homenagem aos que morreram a lutar pela independência do país.
Em novembro de 2024, o Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, exigiu um pedido de desculpas e reparações pelos erros coloniais do Reino Unido cometidos antes da independência do país em 1980.
Essa exigência foi tornada pública na capital do Zimbabué, Harare, durante o lançamento de uma iniciativa para estudar os abusos daquele período e impulsionar a ações legais para garantir indemnizações.
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