O menino Thaygo Henrique Bara Milani, de 12 anos, morreu após ser picado por um escorpião-amarelo em Cambará, no norte do Paraná. O acidente aconteceu no domingo (12), dentro de casa, quando o garoto tentou pegar um carrinho de brinquedo atrás do sofá, segundo a família.
A morte foi confirmada na noite de segunda-feira (13) pelo Hospital Universitário de Londrina, onde Thaygo ficou internado por um dia.
Segunda morte em três meses na mesma cidade
Em julho, o pequeno Bernardo Gomes de Oliveira, de 3 anos, também morreu após ser picado por um escorpião-amarelo em Cambará. O caso comoveu o estado depois de o menino sofrer 33 paradas cardíacas e não resistir, mesmo após ser transferido por três hospitais.
A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa-PR) concluiu que a demora no pedido do soro antiescorpiônico comprometeu o atendimento de Bernardo.
Atendimento e falhas no socorro
No caso de Thaygo, o tio-avô Rogério Milani contou à RPC, afiliada da TV Globo, que a família procurou o hospital da cidade imediatamente após o acidente, mas não havia soro antiescorpiônico disponível.
O menino chegou a ser levado para Jacarezinho, mas teve uma piora no trajeto e precisou retornar a Cambará antes de seguir viagem para Londrina.
Durante o percurso, Thaygo sofreu uma parada cardíaca, segundo relato da família.
“É uma perda irreparável. Ele era uma criança querida, amorosa, que tinha tudo pela frente”, lamentou Rogério Milani.
A Prefeitura de Cambará informou que o menino deu entrada no Pronto Socorro Municipal às 18h06 de domingo e apresentou sintomas como calafrios e náuseas cerca de 30 minutos depois.
O município afirmou que o soro chegou às 19h30, após solicitação à 19ª Regional de Saúde, e seis ampolas foram aplicadas.
Segundo a nota, o quadro clínico apresentou melhora imediata, e Thaygo foi transferido pelo Samu para o Hospital Universitário de Londrina por volta das 20h15, em estado estável.
Apesar disso, ele morreu no dia seguinte, às 18h53, em decorrência da intoxicação.
Investigação e repercussão
A Sesa-PR confirmou que o caso será investigado para apurar o atendimento e o fornecimento de soro na região. O órgão afirmou ainda que vai revisar os protocolos de resposta a acidentes com animais peçonhentos.
Em Cambará, moradores relatam medo e preocupação com o aumento no número de escorpiões e cobram ações de controle nas áreas urbanas.
Risco crescente e prevenção
O escorpião-amarelo (Tityus serrulatus) é considerado uma das espécies mais perigosas do Brasil, capaz de causar insuficiência respiratória e parada cardíaca, especialmente em crianças e idosos.
Especialistas alertam que a picada deve ser tratada como emergência médica. O soro antiescorpiônico é o único tratamento eficaz e deve ser aplicado o mais rápido possível em unidades de saúde de referência.
Entre as medidas preventivas estão manter quintais limpos, vedar ralos e frestas, e evitar o acúmulo de entulhos, onde o animal costuma se abrigar.