Em sua primeira entrevista ao The New York Times em 13 anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente as ameaças do ex-presidente americano Donald Trump, que anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A medida, segundo Trump, seria uma resposta ao processo judicial contra Jair Bolsonaro, que responde por tentativa de golpe após as eleições de 2022.
“O presidente Trump está tentando intimidar uma nação de 200 milhões de pessoas”, disse Lula. “Estamos tratando isso com a máxima seriedade. Mas seriedade não exige subserviência.”
O que Lula disse sobre as tarifas e a soberania do Brasil?
Lula classificou as tarifas como uma violação da soberania brasileira e uma ação motivada politicamente, não economicamente. Segundo ele, os EUA estariam interferindo no sistema de Justiça de outro país ao exigir o arquivamento do caso contra Bolsonaro.
“Talvez Trump não saiba que, aqui, o Judiciário é independente”, afirmou. Lula também ressaltou que o Brasil tentará diálogo, mas não aceitará pressões. “Não negociamos como um país pequeno diante de um país grande.”
O presidente também apareceu na entrevista usando um boné com a frase: “O Brasil pertence aos brasileiros”, slogan de sua campanha pela soberania nacional.
O Brasil vai retaliar as tarifas impostas por Trump?
O governo brasileiro estuda retaliações comerciais e avalia levar o caso à OMC (Organização Mundial do Comércio), caso as tarifas entrem em vigor. Segundo analistas, a medida dos EUA pode figurar entre as mais altas já aplicadas com motivação política.
“A gente conhece o poder dos Estados Unidos. Mas isso não nos causa medo, nos causa preocupação”, disse Lula. Ele reforçou que o Brasil confia em suas instituições democráticas e também nas americanas, apesar do tom eleitoral adotado por Trump.
Qual o impacto da tensão entre Trump e Lula?
Nos últimos meses, Trump tem feito críticas públicas ao governo Lula, em defesa de Bolsonaro, e comparado sua situação judicial à do ex-presidente brasileiro. Em resposta, Lula tem intensificado o discurso pela democracia e pela independência entre os poderes, com destaque nas redes sociais oficiais.
Na entrevista ao NYT, Lula foi direto: “Se a invasão ao Capitólio tivesse ocorrido no Brasil, Trump estaria enfrentando um processo judicial, assim como Bolsonaro.”
A Casa Branca foi procurada pelo jornal, mas não comentou as declarações. Diplomatas brasileiros acreditam que a associação entre Trump e Bolsonaro dificulta uma solução diplomática de curto prazo.
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