A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (Nasa, na sigla em inglês) negou, nesta quarta-feira (11/6), qualquer vínculo com a mineira Laysa Peixoto, que viralizou nas redes sociais na semana passada ao afirmar ser a primeira astronauta do Brasil. Ao Correio, a agência espacial confirmou em nota, nesta quinta (12/6), que a jovem “não é funcionária da NASA, pesquisadora principal ou candidata a astronauta”.
A assessoria da brasileira, que até a última atualização desta matéria não respondeu à tentativa de contato da reportagem, informou ao g1 que ela participou de um curso da agência para jovens estudantes e que ela nunca havia afirmado trabalhar para o órgão americano. O espaço segue aberto para manifestações.
Há seis dias, a mulher de 22 anos compartilhou aos mais de 156 mil seguidores no Instagram que havia sido selecionada para se tornar “astronauta de carreira”. A profissão a permitiria, de acordo com publicação, atuar em “voos espaciais tripulados para estações espaciais privadas e para futuras missões tripuladas à Lua e para Marte”.
“Sou oficialmente astronauta da turma de 2025 e farei parte do voo inaugural da Titans Space, comandado pelo astronauta veterano da Nasa, Bill McArthur”, anunciou. “Prosseguirei firme em meu treinamento, com voos suborbitais e missões privadas ao espaço, em paralelo à minha formação como piloto, visando minha primeira designação oficial como astronauta de carreira.”
Na publicação, em que aparece com vestuário que tem a logo da agência espacial, a jovem afirma que ser “a primeira mulher brasileira a cruzar essa fronteira”.
Em 2022, Laysa, que já foi estudante da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e afirma fazer mestrado na Universidade Columbia, nos EUA, havia dito que concluiu treinamento de astronauta pelo órgão americano.
A Nasa afirma que é preciso, para iniciar o treinamento, título de mestre, ao menos dois anos de experiência e mil horas de trabalho como piloto. A UFMG informou, porém, que a jovem foi desligada da universidade em 2023, quando não se matriculou para o segundo semestre do curso de física; e a Universidade Columbia diz não ter localizado registros com o nome da jovem em nenhum curso da instituição.
A empresa privada Titans Space, que vende pacotes turísticos espaciais a valores a partir de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,5 milhões, na cotação atual), confirmou que a brasileira havia sido selecionada para viagem espacial. O nome dela não está, porém, entre a equipe de astronautas listados para o suposto voo inaugural de 2029, do qual ela garante, nas publicações, fazer parte da tripulação.
Em nota replicada pelo jornal O Tempo, a assessoria da mineira informa que, nesta quarta, “o site da Titan Space se encontra desatualizado, informação confirmada através do representante da Titans Space, Neal Lachman, que também confirmou a entrada de Laysa na formação da empresa”.
A Administração Federal da Aviação dos Estados Unidos (FAA) informou, porém, que a Titans Space não tem autorização para lançar voos espaciais tripulados.
A assessoria de Laysa também afirmou que, em 2023, a jovem transferiu os estudos da UFMG para o Manhattan College, em Nova York. Durante a formação, participou de programa da Nasa “aberto a jovens estudantes e profissionais da área”, em que o projeto dela para a agência espacial foi aceito.
“Em um post em 2023 no Instagram, Laysa postou uma foto mostrando o nome do programa e nunca afirmou que trabalhava para a Nasa, mas que liderava equipes no programa L’SPACE”, diz o comunicado. Além desse curso, a mineira teria participado de “treinamento que acontece no Marshall Space Flight Center e U.S. Space and Rocket Center” e de outras formações ministradas de forma on-line.
A nota não informa, porém, sobre mestrado na Universidade Columbia nem cargo de ‘Project Investigator’ que constava no perfil da brasileira no LinkedIn — agora deletado. Garante, por outro lado, que ela “foi selecionada pela Titan Space para se tornar uma astronauta de carreira, atuando em voos espaciais tripulados para estações espaciais PRIVADAS e para futuras missões tripuladas a lua e para Marte”.
Segundo a assessoria, “o único vínculo indireto do voo em relação à NASA é que será comandado pelo astronauta veterano Bill McArthur”. Ela reforça também que “somente cidadãos americanos podem ser selecionados como astronautas de carreira” da agência espacial.
“No anúncio feito no Instagram, a única declaração dada até o momento (11/06), não tendo conferido nenhuma entrevista até então, Laysa explica que foi selecionada como astronauta pela empresa privada Titans Space”, esclarece o comunicado. “Em nenhum momento existe uma citação a NASA, ou que seria uma astronauta da agência. O post nunca foi editado.”
Na nota enviada ao Correio, o órgão espacial dos Estados Unidos reforça que “não é afiliado à missão espacial Titans” e que “o programa L’Space é um workshop para estudantes – não é um estágio ou emprego na NASA”. De acordo com a agência, “Seria inapropriado alegar afiliação à NASA como parte dessa oportunidade”.
Leia íntegra da nota da Nasa:
“Embora geralmente não façamos comentários sobre nosso pessoal, este indivíduo não é funcionário da NASA, pesquisador principal ou candidato a astronauta. Você pode saber mais sobre nossos astronautas ativos, candidatos a astronautas e processo de seleção aqui: Astronautas.
O Programa L’Space é um workshop para estudantes – não é um estágio ou emprego na NASA. Seria inapropriado alegar afiliação à NASA como parte dessa oportunidade. Você pode entrar em contato com os organizadores na Universidade Estadual do Arizona ou consultar o site deles para obter mais informações.”
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