Pequena Cecília, de dois meses, foi entregue para adoção enquanto mãe estava internada. Avó pede guarda de neta após morte da filha na BA
Um menino de 11 anos realizou o desejo de Natal nesta segunda-feira (25): conhecer a irmã de dois meses, que foi entregue para a adoção em Salvador. A pequena Cecília nasceu em outubro deste ano e a mãe, que estava internada com dengue e zika no Hospital Roberto Santos, morreu.
O menino vivia com a mãe, Jaqueline Araújo, que trabalhava como empregada doméstica. Em setembro deste ano, ela passou a sentir fortes dores pelo corpo e se afastou do trabalho.
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Após passar por duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da capital baiana, Jaqueline descobriu que estava com dengue, zika e grávida de quase sete meses. Ela manteve segredo sobre a gravidez.
A doméstica foi até a Defensoria Pública da Bahia para ter mais informações sobre a possibilidade de colocar o bebê para adoção logo após o nascimento.
“Jaqueline, ainda gestante, nos procurou e registrou o interesse em fazer a entrega voluntária dessa criança para a adoção”, afirmou a defensora publica Juliane Andrade Pereira Machado.
Ruan conheceu irmãzinha no dia do Natal
Arquivo pessoal
No dia 4 de outubro, Jaqueline teve complicações da dengue e da zika e precisou ser internada. A bebê nasceu prematura e logo foi entregue para o Conselho Tutelar. Foi só após o parto que a mãe da doméstica, Marinalva Araújo, soube da existência da bebê.
“Ela teve alucinações e a enfermeira me contou que ela passou a noite toda perguntando como estava Cecília. Foi aí que a enfermeira disse que Cecília foi a filha que ela tinha tido”, disse.
Jaqueline enquanto estava internada em Salvador
Arquivo pessoal
Marinalva contou que teve a oportunidade de conversar com a filha sobre a adoção. Segundo ela, Jaqueline revelou que entregou a criança para se recuperar da doença. Em uma conversa por vídeo chamada com um juiz, ela teria sido informada que tinha um prazo de 30 dias para recuperar a bebê.
Mas o reencontro de mãe e filha não aconteceu. Jaqueline morreu 26 dias depois do parto.
Ruan e a mãe, Jaqueline, na Igreja do Bonfim, em Salvador
Arquivo pessoal
A avó só pôde reencontrar a neta quando ela completou dois meses, após enfrentar dificuldades para obter informações sobre a criança. Apesar da demora, o encontro foi especial para Marinalva.
“Senti que eu estava abraçando a minha filha, porque Jaque era uma pessoa tão maravilhosa. Não era só uma filha, era uma mãe, uma amiga, parceira e companheira”, afirmou.
“Cecília é minha irmã e meu maior presente”, declarou Ruan Araújo, irmão da recém-nascida.
Agora, Marinalva luta na Justiça para obter a guarda da pequena.
O que diz a Justiça
Jaqueline morreu em outubro, após complicações da dengue e da zika
Arquivo pessoal
De acordo com o advogado da família de Jaqueline, Elder Costa, a família deveria ter prioridade no processo de adoção.
“Se a mãe em algum momento, por algum motivo, manifestou o interesse em entregar a criança para adoção, isso não tira da família a oportunidade de opinar a respeito disso”.
“A família tinha que ser contatada desde o início. A criança tem prioridade de ser criada na família extensa, como avó e tia”, disse.
De acordo com a defensora pública que acompanha o caso, Juliane Andrade Pereira Machado, a avó já recebeu o direito de visitar a menina. Ela vai precisar passar por um processo de audiências e avaliações, para que a Justiça entenda se ela está apta ou não para cuidar da criança.
“Por causa do pedido de Jaqueline [adoção], a juíza precisará avaliar as condições dessa família de receber a criança. A juíza então, depois de audiências e de ouvir as partes, vai emitir a decisão”, afirmou.
Veja mais notícias do estado no g1 Bahia.
Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻
Um menino de 11 anos realizou o desejo de Natal nesta segunda-feira (25): conhecer a irmã de dois meses, que foi entregue para a adoção em Salvador. A pequena Cecília nasceu em outubro deste ano e a mãe, que estava internada com dengue e zika no Hospital Roberto Santos, morreu.
O menino vivia com a mãe, Jaqueline Araújo, que trabalhava como empregada doméstica. Em setembro deste ano, ela passou a sentir fortes dores pelo corpo e se afastou do trabalho.
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Após passar por duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da capital baiana, Jaqueline descobriu que estava com dengue, zika e grávida de quase sete meses. Ela manteve segredo sobre a gravidez.
A doméstica foi até a Defensoria Pública da Bahia para ter mais informações sobre a possibilidade de colocar o bebê para adoção logo após o nascimento.
“Jaqueline, ainda gestante, nos procurou e registrou o interesse em fazer a entrega voluntária dessa criança para a adoção”, afirmou a defensora publica Juliane Andrade Pereira Machado.
Ruan conheceu irmãzinha no dia do Natal
Arquivo pessoal
No dia 4 de outubro, Jaqueline teve complicações da dengue e da zika e precisou ser internada. A bebê nasceu prematura e logo foi entregue para o Conselho Tutelar. Foi só após o parto que a mãe da doméstica, Marinalva Araújo, soube da existência da bebê.
“Ela teve alucinações e a enfermeira me contou que ela passou a noite toda perguntando como estava Cecília. Foi aí que a enfermeira disse que Cecília foi a filha que ela tinha tido”, disse.
Jaqueline enquanto estava internada em Salvador
Arquivo pessoal
Marinalva contou que teve a oportunidade de conversar com a filha sobre a adoção. Segundo ela, Jaqueline revelou que entregou a criança para se recuperar da doença. Em uma conversa por vídeo chamada com um juiz, ela teria sido informada que tinha um prazo de 30 dias para recuperar a bebê.
Mas o reencontro de mãe e filha não aconteceu. Jaqueline morreu 26 dias depois do parto.
Ruan e a mãe, Jaqueline, na Igreja do Bonfim, em Salvador
Arquivo pessoal
A avó só pôde reencontrar a neta quando ela completou dois meses, após enfrentar dificuldades para obter informações sobre a criança. Apesar da demora, o encontro foi especial para Marinalva.
“Senti que eu estava abraçando a minha filha, porque Jaque era uma pessoa tão maravilhosa. Não era só uma filha, era uma mãe, uma amiga, parceira e companheira”, afirmou.
“Cecília é minha irmã e meu maior presente”, declarou Ruan Araújo, irmão da recém-nascida.
Agora, Marinalva luta na Justiça para obter a guarda da pequena.
O que diz a Justiça
Jaqueline morreu em outubro, após complicações da dengue e da zika
Arquivo pessoal
De acordo com o advogado da família de Jaqueline, Elder Costa, a família deveria ter prioridade no processo de adoção.
“Se a mãe em algum momento, por algum motivo, manifestou o interesse em entregar a criança para adoção, isso não tira da família a oportunidade de opinar a respeito disso”.
“A família tinha que ser contatada desde o início. A criança tem prioridade de ser criada na família extensa, como avó e tia”, disse.
De acordo com a defensora pública que acompanha o caso, Juliane Andrade Pereira Machado, a avó já recebeu o direito de visitar a menina. Ela vai precisar passar por um processo de audiências e avaliações, para que a Justiça entenda se ela está apta ou não para cuidar da criança.
“Por causa do pedido de Jaqueline [adoção], a juíza precisará avaliar as condições dessa família de receber a criança. A juíza então, depois de audiências e de ouvir as partes, vai emitir a decisão”, afirmou.
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